O útero septado é uma malformação uterina que pode interferir na fertilidade e aumentar o risco de complicações na gravidez
As malformações congênitas são alterações que ocorrem durante o desenvolvimento do feto. Algumas das malformações que podem atingir as mulheres são aquelas que afetam o útero, um órgão fundamental para a concepção.
As malformações uterinas são classificadas em diferentes tipos, como útero unicorno, bicorno e, um dos mais frequentes, o útero septado. Embora nem todas essas alterações causem infertilidade, algumas podem impactar a capacidade da mulher de engravidar ou levar a uma gestação com complicações, sendo o útero septado uma das alterações mais relevantes.
Identificar e tratar essas condições é essencial, especialmente para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar ou apresentam histórico de abortos recorrentes.
O que é o útero septado?
O útero septado é uma malformação congênita caracterizada pela presença de um septo, ou seja, uma divisão de tecido fibroso ou muscular que separa parcialmente ou completamente a cavidade uterina em duas partes. Essa condição ocorre durante o desenvolvimento embrionário, quando os ductos de Müller, responsáveis pela formação do útero, não se fundem adequadamente.
Por ser uma anomalia estrutural, o útero septado não afeta diretamente a produção de óvulos ou a fecundação. No entanto, pode interferir na implantação do embrião e no desenvolvimento da gestação, aumentando o risco de abortos espontâneos e complicações obstétricas.
Estudos apontam que o útero septado é uma das malformações uterinas mais frequentes, com uma prevalência que pode chegar a 6% na população geral. Muitas mulheres convivem com essa condição sem saber, pois, na maioria dos casos, ela pode ser assintomática.
A gravidade do impacto do útero septado varia de acordo com o tamanho e a localização do septo. Mulheres com septos mais extensos têm maior probabilidade de apresentar problemas relacionados à fertilidade ou complicações gestacionais.
Como diagnosticar o útero septado?
O diagnóstico do útero septado requer exames de imagem específicos, já que essa patologia pode ser confundida com outras malformações uterinas, como o útero bicorno. Os exames mais comuns incluem:
- Ultrassonografia transvaginal 3D;
- Histerossalpingografia (HSG);
- Histeroscopia;
- Ressonância nuclear magnética da pelve (RM).
Esses métodos ajudam a identificar a extensão do septo e a planejar o tratamento adequado.
O útero septado afeta a fertilidade?
O útero septado pode tornar o caminho para uma gravidez por métodos naturais mais difícil, embora isso não ocorra em todos os casos. A principal complicação está relacionada à dificuldade de implantação do embrião, já que o septo é formado por tecido com pouca vascularização, o que reduz as chances de uma gravidez bem-sucedida.
Além disso, mulheres com útero septado possuem maiores riscos de abortos espontâneos, partos prematuros e restrição de crescimento fetal. Estudos identificaram uma taxa de perda gestacional de 44,3% em mulheres diagnosticadas com útero septado, além de uma taxa de 22,4% de parto prematuro nessas condições.
Qual é o tratamento do útero septado?
O tratamento para o útero septado geralmente é cirúrgico e envolve a remoção do septo por meio de um procedimento minimamente invasivo que é a histeroscopia cirúrgica. Esse método utiliza um endoscópio introduzido pelo colo do útero para visualizar e corrigir a malformação sem a necessidade de incisões abdominais.
A cirurgia tem alta taxa de sucesso e, em muitos casos, restaura a anatomia uterina, melhorando significativamente as chances de gravidez. O tempo de recuperação é curto, e a maioria das mulheres pode tentar engravidar novamente após alguns meses.
Reprodução assistida em casos de infertilidade por útero septado
Nos casos em que o útero septado compromete a fertilidade, mesmo após o tratamento, as técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas. Métodos como a Fertilização in Vitro (FIV) são frequentemente utilizados para aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida.
Porém, é importante reforçar que antes do início do tratamento, é fundamental corrigir a malformação uterina para reduzir o risco de complicações durante a gestação. O acompanhamento médico especializado é essencial para determinar a melhor abordagem terapêutica.
Fontes:
Clínica BedMed
Febrasgo