A SOP – Síndrome dos Ovários Policísticos – é uma alteração hormonal bastante comum entre as mulheres que se encontram na idade reprodutiva, atingindo cerca de 6% da população feminina.
Os especialistas em ginecologia passaram a chamar essa entidade clínica como “síndrome” devido a presença de um conjunto de sinais e sintomas que expressam essa alteração, tais como: ciclos menstruais irregulares, manifestação de aumento de hormônios androgênios (acne e aumento da pilificação) e ovários aumentados de volume com múltiplos pequenos folículos detectados ao ultrassom.
A origem da síndrome desperta até hoje polêmica, já que sua causa ainda não foi completamente diagnosticada e visto que as manifestações clínicas variam consideravelmente entre as pacientes (não existe uma uniformidade dos sintomas).
Índice
Quais são as possíveis causas da Síndrome dos Ovários Policísticos?
Apesar dos médicos ginecologistas ainda não terem identificado uma causa exata para a Síndrome dos Ovários Policísticos, existem alguns fatores que desempenham um papel fundamental para originar e propagar a enfermidade no organismo feminino.
Os principais são:
- Hiperinsulinemia (aumento da resistência a ação da insulina): as pacientes portadoras de hiperinsulinemia apresentam um aumento na produção do hormônio insulina (produzido pelo pâncreas) para promover uma melhor absorção da glicose sanguínea.
Isso acontece pois, nesses casos, a insulina não consegue atuar de forma adequada a nível celular. Essa disfunção pode acarretar no aumento da produção de hormônios masculinos pelos ovários; - Exposição intrauterina aos hormônios androgênios: de acordo com algumas pesquisas, a exposição em excesso aos hormônios masculinos durante o desenvolvimento embrionário pode afetar os genes do bebê. Esse processo se chama alteração da expressão gênica e influencia na resistência à insulina e na redução de processos inflamatórios;
- Fatores genéticos intrínsecos: consiste nos casos em que a Síndrome dos Ovários Policísticos acomete outras mulheres da família e pode ser considerada como uma questão genética.
Alguns especialistas pesquisam a possibilidade de haver mutações de genes que acarretem no desenvolvimento da SOP na vida adulta. - Obesidade: a obesidade pode causar uma elevação nos níveis de insulina, além de aumentar a produção de hormônios masculinos pela conversão periférica do tecido adiposo.
Além do risco de apresentar ciclos em que não ocorre a ovulação, causando um aumento na incidência de infertilidade, as pacientes portadoras de SOP apresentam maiores probabilidades para o desenvolvimento de determinadas doenças, tais como:
- Diabetes tipo 2;
- Hipertensão arterial;
- Infarto agudo do miocárdio (IAM);
- Alterações nos níveis de triglicérides;
- Apneia do sono;
- Esteatose hepática, entre outras.
Como a SOP é diagnosticada?
A maioria dos ginecologistas utiliza os critérios de Rotterdam (elaborados em 2003) para realizar o diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP).
Por meio desses critérios, a paciente deve apresentar pelo menos duas das três alterações sugeridas para firmar o diagnóstico da síndrome.
Além disso, é fundamental descartar outras doenças que podem causar sintomas semelhantes aos da SOP, como por exemplo a hiperplasia adrenal congênita, tumores ovarianos produtores de androgênio, aumento na produção de prolactina (hiperprolactinemia) ou distúrbios tireoidianos.
Assim, como já foi dito anteriormente, o Consenso de Rotterdam define a SOP pela presença de pelo menos dois dos seguintes critérios:
1-) presença de ciclos menstruais anovulatórios (caracterizados por intervalos maiores do que 40 dias entre os ciclos) ou anovulação crônica;
2-) aumento dos hormônios masculinos (androgênios) – avaliado de forma clínica (acne, aumento da pilificação) ou de forma laboratorial (aumento de testosterona total ou de testosterona livre);
3-) alterações na ultrassonografia: presença de mais de 12 folículos pequenos no ovário (medindo entre 2 a 9 mm de diâmetro) ou volume ovariano maior do que 10 cm³.
Apenas após uma avaliação minuciosa do quadro clínico da paciente, associado às alterações de exames laboratoriais ou de imagem, é que o ginecologista afirmará se a paciente é realmente portadora da Síndrome dos Ovários Policísticos.
A partir do diagnóstico, o médico poderá recomendar qual será o tratamento ideal para cada paciente, a depender do seu desejo em engravidar ou não.
Por isso, é fundamental que, ao notar alterações ou evidenciar irregularidades em seu ciclo menstrual, a mulher busque a orientação de um ginecologista e não se automedique.