A síndrome dos ovários policísticos, SOP, é uma condição ginecológica que acomete um grande percentual de pacientes em idade reprodutiva, caracterizada pela irregularidade dos ciclos menstruais (aumento do intervalo entre as menstruações ou ausência de menstruação), expressão clínica ou laboratorial de aumento dos hormônios androgênios (caracterizado pela pilificação aumentada, acne ou alopecia de padrão masculino) ou alteração ultrassonográfica evidenciando a presença de diversos folículos de pequenas dimensões no interior dos ovários.
As alterações hormonais provindas dessa síndrome podem alterar o padrão do ciclo menstrual da mulher, gerando ciclos anovulatórios, ou seja, ciclos menstruais em que a mulher não ovula.
Por isso, é muito comum que mulheres acometidas pela síndrome dos ovários policísticos tenham alterações menstruais e, até mesmo, dificuldades para engravidar.
Além disso, é muito comum que as pacientes portadoras dessa síndrome venham até os consultórios médicos referindo um aumento dos pelos corporais e acne.
O ginecologista deve estar sempre atento às repercussões clínicas causadas por essa síndrome, pois, muitas vezes, são elas que auxiliam no diagnóstico da doença.
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Qual a relação entre a síndrome dos ovários policísticos e a infertilidade feminina?
Nessa síndrome há um aumento da produção ovariana de hormônios androgênios (testosterona total e livre), afetando o processo de formação dos folículos ovarianos (chamado de foliculogênese).
Com isso, ocorre uma alteração no padrão natural de ovulação da paciente acometida pela enfermidade.
As mulheres que foram diagnosticadas com a síndrome passam a ovular cada vez menos e apresentam ciclos irregulares, geralmente caracterizados por um longo intervalo entre as menstruações (habitualmente acima de 40 dias) ou, até mesmo, ausência de menstruação por um longo período.
Com essa mudança, os óvulos não são liberados para as tubas uterinas e, consequentemente, não ocorre o processo de fertilização natural entre os gametas masculino e feminino.
Além disso, as pacientes portadoras da síndrome dos ovários policísticos também podem apresentar um risco aumentado para o desenvolvimento de diversos distúrbios metabólicos, tais como:
- Hipertensão gestacional;
- Diabetes mellitus gestacional;
- Câncer de endométrio;
- Diabetes mellitus tipo 2;
- Obesidade;
- Doenças cardiovasculares.
A junção de todos esses fatores permite afirmar que a SOP afeta diretamente a qualidade de vida da paciente (tanto pelas repercussões clínicas como metabólicas) e pode dificultar uma possível gravidez.
É possível engravidar com SOP?
Para responder essa pergunta, é fundamental que a paciente passe por uma avaliação médica individualizada. O espectro de pacientes portadoras de SOP é muito variável, sendo que nem todas as pacientes portadoras de SOP irão apresentar dificuldades para engravidar.
A infertilidade acontece principalmente entre as pacientes que apresentam ciclos menstruais anovulatórios com frequência.
Nesses casos, as pacientes devem procurar o auxílio de um especialista em Reprodução Humana para avaliar a realização de tratamentos específicos que colaboram com o processo de ovulação.
É importante ressaltar que a infertilidade passa a ser considerada quando um casal mantém relações sexuais frequentes, sem o uso de métodos contraceptivos, durante doze meses e não obtém a gestação de forma espontânea.
Para as pacientes sabidamente portadoras de SOP, podemos reduzir esse período de observação para 6 meses. Nesses casos, é aconselhado buscar o auxílio de um especialista para averiguar o que pode estar afetando o potencial fértil do casal (vale lembrar que o casal sempre deve ser avaliado em conjunto – muitas vezes a causa da infertilidade conjugal é tanto masculina como feminina).
Nos casos de infertilidade causada apenas pela síndrome dos ovários policísticos, a maioria dos especialistas orienta a realização do namoro programado, ou seja, utilização de medicações que estimulam a ovulação e avaliação ultrassonográfica do processo de ovulação para demonstrar o melhor período para namorar.
Caso a paciente não tenha sucesso com esse tipo de tratamento, técnicas de reprodução assistida, tais como inseminação artificial ou fertilização in vitro, poderão ser indicadas.
Existem casos em que apenas a perda de peso somada a alterações nos hábitos de vida das pacientes amenizam a SOP, fazendo com que o casal consiga engravidar espontaneamente.
No entanto, apenas o especialista poderá confirmar a conduta ideal para cada caso.