A diabetes gestacional é uma alteração que pode trazer diversas complicações para a saúde do bebê e da mãe, devendo ser acompanhada por especialistas
A diabetes gestacional é uma condição caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue durante a gravidez, podendo trazer uma série de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Estima-se que esta alteração ocorra em até 20% das gestações, podendo afetar inclusive mulheres sem histórico pessoal e familiar da doença, geralmente desaparecendo após o nascimento.
É importante destacar que mulheres que são diabéticas e engravidam não são consideradas portadoras de diabetes gestacional, uma vez que essa condição é considerada uma complicação específica da gravidez.
Embora a tendência seja de que a doença desapareça após o parto, mulheres que apresentam a alteração precisam manter cuidados e acompanhamento médico especializado mesmo após o nascimento do bebê, pois são consideradas pacientes com risco potencial para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
O que causa a diabetes gestacional?
Durante o período gestacional, o organismo feminino faz diversas adaptações na produção hormonal para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta é uma fonte importante de diversos hormônios que atrapalham a ação da insulina, que é responsável por transportar a glicose dos alimentos até as células. Para compensar este quadro, o pâncreas da mulher aumenta a produção de insulina.
Em algumas gestantes, porém, este processo não acontece conforme o necessário, fazendo com que ocorra uma elevação nos níveis de açúcar na corrente sanguínea. O resultado disso é um quadro de diabetes gestacional, uma doença que coloca em risco a saúde do bebê — que passa a receber muita glicose por meio da circulação placentária. Como consequência, o pâncreas do feto acaba sobrecarregado e ele pode ganhar peso além do esperado (processo denominado macrossomia fetal), além de promover outras diversas possíveis complicações.
O que a diabetes gestacional pode causar para o bebê?
Além de sobrecarregar os órgãos do feto e fazer com que ele tenha um risco aumentado de macrossomia fetal, a diabetes gestacional afeta o bebê no momento do nascimento: quando o cordão umbilical é cortado, o fornecimento de açúcar da mãe para o bebê é interrompido. Isso pode fazer com que ocorra uma queda abrupta na quantidade de glicose da circulação, levando a um quadro de hipoglicemia neonatal.
O excesso de hormônio atrapalha a absorção de cálcio, potássio e magnésio. A alteração também pode favorecer a icterícia e o parto prematuro. Quando a doença não é devidamente tratada, há maiores riscos de malformações fetais, abortamento espontâneo e pré-eclâmpsia. Além disso, estudos apontam que filhos de mulheres que tiveram diabetes gestacional têm mais chances de desenvolver obesidade e diabetes em sua vida adulta.
Sintomas e fatores de risco
A diabetes gestacional raramente apresenta sintomas, embora algumas mulheres possam sentir sede constante, maior vontade de urinar, cansaço e aumento do apetite. Entretanto, muitas dessas alterações são comuns do processo da gravidez em si, sendo necessário manter um acompanhamento pré-natal com realização de exames periódicos, diagnosticando e acompanhando o problema ao longo das semanas de gestação.
Algumas mulheres são consideradas com maiores chances de desenvolver a diabetes gestacional e devem ficar mais atentas.
São considerados fatores de risco para o desenvolvimento dessa patologia:
- Idade materna avançada;
- Ganho de peso excessivo durante a gestação;
- Sobrepeso ou obesidade;
- Síndrome dos Ovários Policísticos;
- Histórico pessoal ou familiar de diabetes gestacional;
- Histórico familiar de diabetes em parentes de 1º grau;
- Hipertensão arterial sistêmica na gestação;
- Gestação múltipla.
Diagnóstico
O rastreio da diabetes gestacional habitualmente é feito entre a 24ª a 28ª semana de gestação, embora esse período possa ser adiantado em casos de gravidez de alto risco ou em casos em que a mulher apresente algum dos fatores de risco para a doença. Os principais exames realizados para verificar a presença da diabetes na gestação são: curva glicêmica e glicemia de jejum.
O exame da curva glicêmica mede o nível de açúcar materno após a ingestão de uma alta quantidade de açúcar, interpretando, de maneira indireta, se a insulina está fazendo o efeito desejado no organismo da gestante. Para isso, a paciente ingere uma quantidade pré-determinada de xarope açucarado e tem o sangue coletado após determinados períodos pré-estabelecidos.
A glicemia de jejum, por sua vez, é uma avaliação que identifica os níveis de açúcar no sangue com a paciente em jejum. Os dados coletados servem como referência para diagnóstico e monitoramento da diabetes gestacional.
Tratamento e controle da diabetes gestacional
Mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional precisam fazer mudanças em seu estilo de vida para controlar a doença e ter uma gravidez tranquila, sem prejuízos para a saúde do bebê. A adoção de uma dieta adequada, com controle sobre a ingestão de gorduras e carboidratos, é um dos cuidados essenciais. A alimentação deve ser orientada por um nutricionista que atue em conjunto com o médico obstetra responsável pelo acompanhamento pré-natal da gestante.
A prática de exercícios físicos também é fundamental, pois ajuda a regular o funcionamento da insulina e garante o bem-estar da mulher ao longo da gravidez. É necessário, entretanto, que a realização das atividades seja iniciada apenas após autorização médica e devidamente orientada por um profissional formado em Educação Física.
Embora as atividades físicas sejam consideradas um hábito seguro para gestantes, é preciso ter certeza de que não existem fatores que podem colocar em risco a vida da mãe ou do bebê. Além disso, pode ser necessário adotar cuidados diferenciados na rotina de exercícios, o que deve ser criteriosamente avaliado pelo especialista que acompanha a gravidez.
Quando as mudanças na alimentação e a prática de exercícios não são capazes de controlar a diabetes gestacional, pode ser indicado o uso de medicamentos específicos, tais como a insulina. Outra parte muito importante do tratamento consiste em medir a glicemia diariamente (cerca de 4x/dia – em jejum e após as refeições) e monitorar o desenvolvimento do feto por meio da realização de exames de ultrassonografia.
Como prevenir a diabetes gestacional?
Uma vez que está associada a alterações hormonais que são esperadas ao longo da gravidez, a diabetes gestacional nem sempre pode ser prevenida. No entanto, é possível reduzir os riscos de desenvolver a doença por meio da introdução de hábitos saudáveis e alimentação adequada.
Procurar uma clínica especializada e fazer um acompanhamento pré-concepcional também pode ajudar na identificação dos riscos de a paciente desenvolver a diabetes gestacional. Caso necessário, podem ser feitos ajustes na rotina da mulher antes mesmo dela engravidar, garantindo assim uma gestação saudável tanto para a mãe como para o bebê.
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Fontes:
Sociedade Brasileira de Diabetes;
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.