Conheça os fatores femininos que mais comumente podem levar à dificuldade para engravidar
A infertilidade é diagnosticada quando um casal tenta engravidar espontaneamente e sem uso de qualquer contraceptivo por 12 meses sem sucesso (ou 6 meses, caso a mulher tenha mais de 35 anos). O problema pode estar ligado a alterações tanto no organismo masculino quanto no feminino.
Cerca de um terço dos casos está relacionado a alterações no organismo feminino, sendo que diversos fatores podem ser considerados causas de infertilidade feminina. Dessa maneira, é importante fazer uma investigação minuciosa e detalhada para determiná-las e, assim, indicar o tratamento mais adequado.
O que é infertilidade feminina?
A infertilidade feminina ocorre quando alterações no organismo da mulher fazem com que se torne mais difícil, mas não necessariamente impossível, engravidar de forma espontânea.
Como já mencionado, diversos fatores podem ser classificados como causas de infertilidade feminina. Alterações hormonais ou anatômicas, doenças ginecológicas e a idade são alguns exemplos.
Principais causas hormonais da infertilidade em mulheres
Alguns hormônios são fundamentais para a regulação dos ciclos menstruais e preparação para a gravidez. Os principais são:
- Hormônio folículo-estimulante: estimula o crescimento dos folículos ovarianos.
- Hormônio luteinizante: induz ao rompimento do folículo e liberação do óvulo.
- Estradiol: tipo de estrogênio que regula o ciclo menstrual e induz ao espessamento do endométrio, além de estimular o desenvolvimento de características sexuais.
- Progesterona: atua na regulação do ciclo menstrual e preparação do corpo para a gravidez.
- Hormônio antimülleriano: marcador de reserva ovariana.
Qualquer alteração nas dosagens desses hormônios pode ser uma das causas de infertilidade feminina. A seguir, vamos conhecer as principais condições que podem levar a essas alterações:
Síndrome dos ovários policísticos
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é caracterizada pela presença de múltiplos cistos nos ovários, o que leva à desregulação da produção hormonal. Isso resulta em irregularidade nos ciclos menstruais e em problemas para o desenvolvimento e liberação de óvulos maduros, entre outras consequências.
Hipo ou hipertireoidismo
A tireoide é uma glândula que produz hormônios que interagem com aqueles produzidos pela hipófise (FSH e LH). Isso quer dizer que a atividade da tireoide em excesso (hipertireoidismo) ou em falta (hipotireoidismo) pode alterar a forma com que os hormônios agem no processo reprodutivo, levando à infertilidade.
Hiperprolactinemia
A hiperprolactinemia é caracterizada pela produção excessiva da prolactina, um hormônio que estimula a secreção de leite pelas glândulas mamárias. Além disso, a prolactina interfere na produção do FSH e do LH, fazendo com que seus níveis elevados inibam a ovulação ou interrompam os ciclos menstruais.
Doenças ginecológicas que afetam a fertilidade
Além das disfunções hormonais, existem algumas doenças ginecológicas que também podem ser causas de infertilidade feminina. Essas doenças ocorrem por diversos motivos e interferem na fertilidade por causa das alterações anatômicas, fisiológicas e hormonais que ocorrem como consequência.
Endometriose
Entre as causas de infertilidade feminina, a endometriose é a mais comum. Estima-se que até 50% das mulheres inférteis tenham a doença como uma de suas causas. Caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, a endometriose causa diversos sintomas incômodos, além de alterações anatômicas e hormonais que levam à dificuldade para manter ciclos menstruais adequados a uma gravidez.
Miomas uterinos
Os miomas uterinos são tumores benignos que se formam nos tecidos do útero. O problema se torna uma das causas de infertilidade feminina quando os tumores crescem e alteram a morfologia uterina, o que pode bloquear as trompas ou dificultar o processo de implantação do embrião.
Pólipos
Caracterizados como crescimentos anormais das células do endométrio, os pólipos uterinos podem, assim como os miomas, se tornar uma das causas de infertilidade feminina quando alteram a estrutura anatômica ideal para que o útero receba o embrião.
Falência ovariana prematura (FOP)
A falência ovariana prematura ocorre quando os ovários param de funcionar adequadamente antes dos 40 anos. Diversos fatores, como tratamentos oncológicos, exposição a toxinas e alterações cromossômicas podem fazer com que a FOP ocorra. Dessa forma, a produção hormonal cai, levando à ausência de ovulação e menstruações.
Doenças inflamatórias
Doenças inflamatórias em estruturas do sistema reprodutivo também podem estar entre as causas de infertilidade feminina. Entre elas, podemos mencionar a ooforite (inflamação dos ovários), a endometrite (inflamação do endométrio) e a salpingite (inflamação das trompas).
Alterações anatômicas ginecológicas
Diversas alterações anatômicas, congênitas ou não, podem ser causas de infertilidade feminina. Entre elas, podemos mencionar as alterações uterinas (útero unicorno, didelfo, septado ou bicorno) e bloqueios ou encurtamentos nas trompas.
Outras causas de infertilidade feminina
Existem algumas condições, não necessariamente hormonais ou ginecológicas, que também podem ser causas de infertilidade feminina. São elas:
- Trombofilias: formação de coágulos nos vasos sanguíneos, o que pode interferir na irrigação do útero e da placenta e dificultar a implantação e o desenvolvimento do embrião.
- Alterações genéticas: liberação de óvulos com alterações cromossômicas que dificultam ou impedem a fecundação ou o desenvolvimento embrionário.
- Doenças renais e diabetes: a desregulação metabólica causada por essas doenças pode fazer com que seja mais difícil engravidar ou manter a gravidez.
- Infecções sexualmente transmissíveis: a presença de ISTs pode provocar alterações anatômicas e fisiológicas que impedem ou dificultam a gravidez.
- Hábitos de vida inadequados: tabagismo, sedentarismo, consumo de álcool e outras drogas podem interferir na fertilidade feminina.
Como a idade impacta na fertilidade feminina?
Apesar de todos os fatores mencionados acima serem importantes causas de infertilidade feminina, a idade é um fator muito importante a ser considerado. Isso ocorre porque, naturalmente, a reserva ovariana, que já cai com o passar do tempo, tem uma queda ainda maior a partir dos 35 anos.
Por esse motivo, enquanto o diagnóstico de infertilidade é dado, de forma geral, a casais que tentam engravidar há um ano sem uso de métodos contraceptivos, esse prazo cai para 6 meses quando a mulher tem mais de 35 anos.
Como diagnosticar a infertilidade feminina?
O diagnóstico da infertilidade feminina deve ser feito por meio de análise do histórico médico e menstrual da paciente, combinado com exames como dosagens hormonais, ultrassonografia transvaginal e a histerossalpingografia. Para além desses, outros exames podem ser solicitados, de acordo com a necessidade e com a avaliação dos resultados obtidos nos primeiros testes.
Infertilidade sem causa aparente: o que fazer nesses casos?
Existem casos em que não são encontradas causas de infertilidade feminina no diagnóstico. Nesses casos, caracterizados como de infertilidade sem causa aparente, a paciente deve ser encaminhada para tratamentos de Reprodução Humana Assistida.
Como tratar a infertilidade na mulher?
O tratamento deve ser feito com foco nas causas de infertilidade feminina. Isso quer dizer que podem ser adotados desde tratamentos medicamentosos até cirurgias ou outras abordagens, sempre de acordo com os fatores causadores. Em muitos desses casos, a fertilidade melhora após o tratamento. Em outros, no entanto, pode ser necessária a realização de tratamentos de Reprodução Assistida para que a mulher consiga engravidar.
Tratamentos de Reprodução Assistida para mulheres com infertilidade
A Reprodução Assistida é um caminho muito eficaz para tratar a infertilidade feminina. Existem diversos métodos, com eficácias e complexidades diferentes, que são indicados de acordo com a causa de infertilidade feminina e outros fatores analisados individualmente.
Os principais tratamentos de Reprodução Assistida que podem ser indicados nesses casos são o coito programado, a inseminação intrauterina e a Fertilização in Vitro (FIV).
Fontes:
Associação Brasileira de Reprodução Assistida
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia