As aderências pélvicas são faixas de tecido cicatricial que resultam na união indevida de órgãos abdominais ou pélvicos, tais como útero, trompas, ovários e intestino. Além disso, as aderências também podem promover a junção desses órgãos com a própria parede abdominal.
Estima-se que cerca de 38% das mulheres que apresentam dor pélvica tenham aderências pélvicas, sendo que esse é um dos principais sintomas dessa alteração.
A seguir, entenda melhor como as aderências se formam e quais são as melhores opções de tratamento.
Índice
Quais são as principais causas das aderências pélvicas?
As aderências ocorrem devido a um processo cicatricial inadequado. Na pelve e abdome, os órgãos (com exceção dos ovários) ficam envoltos parcialmente por uma membrana transparente chamada de peritônio. Quando ocorre um procedimento cirúrgico, por exemplo, essa membrana sofre um trauma e fica inflamada, o que faz parte do processo natural de cicatrização. No entanto, essa inflamação pode causar a formação de faixas fibrosas de tecido cicatricial, chamadas de aderências pélvicas.
O correto é que as faixas de fibrina se dissipem espontaneamente pelo processo de fibrinólise. No entanto, em alguns casos, principalmente quando ocorre a isquemia, na qual há uma diminuição do fluxo sanguíneo na região inflamada, a fibrinólise não acontece. Nesses casos, as faixas não se dissipam e formam as aderências, que acabam conectando tecidos ou órgãos pélvicos que normalmente estariam separados.
Existem diversas situações que podem desencadear esse processo e resultar nas aderências pélvicas, tais como:
- Endometriose: uma das características da endometriose é causar um processo inflamatório crônico na cavidade pélvica e abdominal, que pode resultar na formação de aderências pélvicas, principalmente com o agravamento da doença e com a falta de tratamento adequado;
- Cirurgias: entre as principais responsáveis pelo surgimento das aderências na região pélvica estão as intervenções cirúrgicas. Os principais exemplos são: histerectomia, curetagem uterina, cesariana, miomectomia e cirurgia reconstrutiva das trompas.
Como qualquer intervenção cirúrgica na região da pelve e do abdome pode resultar na formação de aderências pélvicas, a recomendação é optar pelas técnicas microcirúrgicas que são menos invasivas e reduzem os riscos dessa complicação. Um grande exemplo de cirurgia microcirúrgica é a videolaparoscopia.
Quais são os principais sintomas e complicações das aderências pélvicas?
O principal sintoma que pode sugerir a presença das aderências pélvicas é a ocorrência de episódios de dor em região abdominal.
A dor ocorre devido à aderência entre órgãos e tecidos que deveriam permanecer separados. A pressão e o estiramento dos tecidos devido aos movimentos diários resultam em dor devido a maior irritação dos nervos e promoção da atividade inflamatória.
Além da dor, que pode ser intensa e restritiva, existem outras complicações associadas aos casos de aderências pélvicas:
- Infertilidade: quando as aderências ocorrem devido a procedimentos cirúrgicos realizados nos órgãos do aparelho reprodutor, elas podem causar infertilidade tanto por bloquear a passagem do óvulo como também por inviabilizar a chegada dos espermatozoides nas tubas uterinas;
- Complicações gestacionais: em alguns casos, as aderências pélvicas não impedem a fecundação, mas podem causar complicações na gestação, tais como aumentar as chances de gravidez ectópica ou promover o aborto de repetição;
- Obstrução intestinal: uma complicação em pacientes previamente submetidas a procedimentos cirúrgicos pélvicos ou abdominais é o surgimento de obstrução intestinal devido à formação de aderências nessa região.
As aderências pélvicas podem se formar logo após a intervenção cirúrgica ou anos após o procedimento, sendo importante informar o médico responsável sobre qualquer cirurgia anterior que tenha sido realizada na região pélvica ou abdominal.
Como tratar as aderências pélvicas?
O diagnóstico e tratamento das aderências pélvicas são cirúrgicos. Recomenda-se assim a realização da videolaparoscopia, que é um procedimento minimamente invasivo para verificar a presença das aderências e removê-las na mesma cirurgia.
Quando a paciente não apresenta dores, mas a suspeita de infertilidade recai sobre a formação de possíveis aderências pélvicas, recomenda-se realizar a laparoscopia com cromotubagem, técnica que analisa a permeabilidade tubária, observando o extravasamento tubário da solução de metileno injetada no útero. Caso o diagnóstico de obstrução tubária seja confirmado, indica-se a remoção do tecido cicatricial indevido.
Apesar de ser uma condição que pode restringir a qualidade de vida da paciente, as aderências pélvicas têm tratamento! Vale lembrar que o tratamento inibe tanto os sintomas quanto as possíveis complicações associadas à doença.
Fontes:
Clínica Ginecológica BedMed;
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA);
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)