De acordo com dados estatísticos da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), cerca de sete milhões de mulheres brasileiras são portadoras da endometriose. O número alarmante ressalta a necessidade de um melhor entendimento das mulheres acerca dos sintomas de que algo errado acontece em seu corpo, reforçando a necessidade de consultas periódicas com um ginecologista.
Por ser uma doença em que os sintomas podem ser facilmente confundidos com a dismenorreia, ou seja, com as cólicas existentes durante o período menstrual, a endometriose pode demorar anos para ser descoberta.
Para se ter uma dimensão da demora no diagnóstico, uma pesquisa feita pelo Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade (Gapendi), com respaldo de profissionais da saúde feminina, foi apurado que 57,3% das mulheres passaram em consulta com mais de três profissionais para identificar a doença, sendo que 38% disseram ter demorado de três a cinco anos para serem diagnosticadas.
Índice
O que é endometriose?
A doença se dá quando o endométrio (camada de revestimento interna do útero) se implanta de maneira anormal fora da cavidade uterina e passa a crescer fora de seu ambiente natural, ou seja, começa a transitar pelo ovário, pelas trompas e pode chegar ao intestino e até a bexiga.
A proliferação exacerbada das células endometriais fora da cavidade uterina promove uma resposta inflamatória acentuada, que resulta em dores pélvicas fora do período menstrual, disfunções intestinais (intestino preso ou diarreia), desconforto ao urinar, incômodo ou dor durante ou após as relações sexuais e aumento do fluxo sanguíneo durante a menstruação.
Algumas mulheres podem sentir náuseas e apresentar vômitos ocasionados pelo desconforto causado pela doença, em especial durante o período menstrual. Além da perda da qualidade de vida da mulher, a doença também pode promover a infertilidade.
Como a endometriose se desenvolve?
A causa da endometriose ainda é desconhecida. Uma das principais teorias para tentar entender o surgimento da endometriose é a teoria da menstruação retrógrada. Isso significa que, durante o período menstrual, o sangue que deveria ser expelido pelo canal vaginal (sangue composto por células endometriais) retorna pelas trompas e se dissemina para o interior da cavidade abdominal.
Outra explicação para o desenvolvimento da doença é a disseminação das células endometriais por meio do sangue ou do sistema linfático.
Independentemente do fator que colaborou para o desenvolvimento da doença é importante que a mulher relate ao ginecologista situações anormais em sua rotina, tais como a dor pélvica crônica, por exemplo, para que o médico possa fazer a avaliação clínica e indicar o melhor tipo de tratamento para cada caso.
Atualmente, a doença é dividida em quatro níveis distintos, sendo eles: mínimo, leve, moderado e severo. Conforme o avançar da doença, o grau de infertilidade tende a ser maior. Entretanto, esses níveis de classificação não tem correlação direta com a dor, ou seja, pacientes com endometriose mínima podem vir a sentir mais dores abdominais do que pacientes com endometriose moderada.
Quais são os grupos de risco para o surgimento da endometriose?
Pesquisas cientificas identificaram que a endometriose tende a atingir mulheres em idade fértil, sendo que, após a menopausa, a doença tende a regredir. Aparentemente isso acontece devido à maior produção do hormônio estrogênio durante o período reprodutivo (esse hormônio feminino estaria correlacionado com o crescimento dos focos de endometriose).
A hereditariedade pode vir a ser um fator que colabora para o desenvolvimento da doença, sendo que a probabilidade de desenvolver endometriose é maior em pacientes que têm histórico de primeiro grau (mãe ou irmãs) positivo para a doença.
Outra possibilidade é a gestação tardia e até mesmo o aumento do número de ciclos menstruais ao longo do período reprodutivo feminino.
Vale ressaltar que o diagnóstico da endometriose dependerá da avaliação clínica do ginecologista em conjunto com a análise dos exames. Além dos exames realizados em consultório, por vezes é necessário que seja realizado algum tipo de exame de imagem, como a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou a ressonância nuclear magnética da pelve.
O advento da Medicina fez surgir a videolaparoscopia, procedimento cirúrgico capaz de identificar de forma clara as lesões e ajudar no processo de tratamento da doença. Ela é considerada atualmente o padrão ouro para diagnóstico da doença, porém, por se tratar de um procedimento cirúrgico, a grande maioria dos médicos acaba indicando a videolaparoscopia com intuito terapêutico.
A endometriose tem cura?
Há indicativos de que a doença tenha seus sintomas minimizados na menopausa, mas isso dependerá de como foi o tratamento e acompanhamento dessa mulher durante toda a sua vida. A endometriose não tem cura, mas quando acompanhada com regularidade junto a um ginecologista, a qualidade de vida da mulher melhora de forma significativa.