Incontinência urinária: causas, diagnóstico e tratamento
A incontinência urinária consiste na perda involuntária de urina pela uretra. É mais prevalente na população feminina do que na masculina e se manifesta mais frequentemente entre 50 e 60 anos de idades, mas pode afetar mais jovens também.
Pela grande influência na qualidade de vida da mulher e prevalência neste gênero, deve ser tida como uma doença de impacto na vida social da mulher, devendo esta procurar uma clínica de ginecologia.
Sua prevalência é mais elevada no sexo feminino, pois as mulheres apresentam falhas naturais (hiato vaginal e hiato retal) no assoalho pélvico e isso faz com que a musculatura pélvica seja mais frágil quando comparada a do homem. Em torno de 20% e 30% das mulheres apresentam este problema alguma vez na vida, sendo que 35% das mulheres após a menopausa se queixam da doença.
Causas da incontinência urinária
Além da diminuição no tônus da musculatura pélvica, existem diversos outros fatores que podem colaborar para o surgimento da incontinência urinária:
- Número elevado de partos vaginais;
- Diminuição da produção de estrogênio no período pós-menopausa;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica;
- Tabagismo;
- Diabetes mellitus;
- Doenças neurológias (trauma medular ou sacral);
- Obesidade.
Tipos de incontinência urinária feminina
A incontinência urinária feminina pode ser de três tipos:
- Incontinência urinária de esforço: A incontinência urinária de esforço é bem caracterizada pela sua sintomatologia típica, que consiste na perda involuntária de urina durante a realização de qualquer tipo de esforço físico.
- Incontinência urinária de urgência: A incontinência urinária de urgência consiste em urgência urinária (necessidade de esvaziar a bexiga de forma urgente) que pode vir associada com incontinência de urgência (não consegue segurar por muito tempo a urina e acaba perdendo urina antes de ir ao banheiro), aumento da frequência miccional (aumento do número de vezes que esvazia a bexiga ao longo do dia) e noctúria (aumento do número de vezes que esvazia a bexiga durante a noite).
- Incontinência urinária mista: A incontinência urinária mista é uma associação dos sintomas da incontinência urinária de esforço e da de urgência. Vale ressaltar a importância dos sintomas urinários, evidenciando qual queixa é a mais frequente.
Opções de diagnóstico para a incontinência urinária
Existem alguns exames e tipos de avaliação que podem ajudar a identificar o tipo de incontinência urinária apresentada.
Anamnese
A anamnese consiste em uma avaliação clínica que irá determinar a perda urinária, sua frequência e seu volume, a correlação com outras atividades, uso de medicamentos, início dos sintomas e avaliações de cirurgias prévias. Também será necessário eliminar outras possibilidades clínicas, como: infecção urinária, câncer de bexiga ou cálculo vesical.
Diário miccional
Geralmente o médico solicita o registro de um diário miccional, que é um registro por escrito de todas as perdas urinárias da paciente e sua correlação com as atividades diárias. Ele permitirá identificar com mais clareza o tipo de incontinência e o melhor tratamento para o caso.
Exame físico
No exame físico a paciente deve realizar manobras de esforço para avaliar a perda visível de urina durante o exame. Preferencialmente a paciente não deve ter urinado previamente ao exame. Deve ainda ser realizada uma avaliação neurológica resumida para afastar disfunção miccional neurogênica.
Estudo urodinâmico
Além da história clínica e do exame físico, o estudo urodinâmico pode auxiliar no diagnóstico, ao avaliar as diversas fases da micção (fases de enchimento e esvaziamento vesicais), ou seja, realiza uma avaliação funcional do trato urinário inferior.
Não há nenhum preparo especial para a realização do estudo urodinâmico, porém deve-se descartar que a paciente esteja com infecção urinária para evitar o agravamento do quadro. Pacientes portadores de diabetes mellitus descompensado ou com doenças imunológicas graves devem receber orientações para compensação do quadro clínico antes da realização do exame. A paciente deve estar de preferência com a bexiga cheia antes da realização do exame para avaliar a fase de esvaziamento vesical.
Tratamentos da incontinência urinária
Existem duas abordagens para o tratamento da incontinência urinária: clínica e cirúrgica.
Tratamento clínico
O tratamento clínico consiste basicamente em prover orientações com relação à reeducação miccional:
- Orientar a paciente a realizar treinamento vesical (ir mais vezes ao banheiro);
- Evitar sobrecarga hídrica noturna;
- Compensar doenças metabólicas;
- Evitar o uso de medicações diuréticas.
No caso de incontinência urinária de esforço, recomenda-se a realização de fisioterapia da musculatura do assoalho pélvico (cinesioterapia) quando a paciente apresenta perda urinária aos grandes esforços.
No caso de incontinência urinária de urgência, recomenda-se a administração de medicações anticolinérgicas que inibem as contrações da musculatura detrusora.
Tratamento cirúrgico para incontinência urinária
O tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço depende do resultado do estudo urodinâmico, porém resume-se basicamente a realização da cirurgia de sling, que consiste na passagem de uma faixa (autóloga ou sintética) próxima a uretra média da paciente. Apresenta altas taxas de sucesso, porém, mesmo com índices baixíssimos, pode apresentar algumas complicações, como: lesão vesical, hematoma, infecções e lesão vascular.