A elevação hormonal, promovida pelo crescimento folicular exacerbado em tratamentos de Reprodução Assistida, pode causar diversos sintomas
A estimulação ovariana é uma das principais etapas dos tratamentos de Reprodução Humana Assistida, tais como a inseminação artificial e a Fertilização in Vitro (FIV), sendo feita com a finalidade de obter uma quantidade importante de óvulos para viabilizar a gestação.
Esse processo é realizado por meio do uso, por via oral ou injetável, de medicamentos hormonais. No entanto, as alterações proporcionadas por essas medicações podem levar a paciente a ter alguns efeitos colaterais, entre estes a síndrome da hiperestimulação ovariana (SHO).
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Índice
Síndrome da hiperestimulação ovariana: o que é?
A síndrome da hiperestimulação ovariana, conhecida também por sua sigla SHO, é uma complicação que pode ocorrer durante tratamentos de estimulação ovariana para procedimentos de Reprodução Humana Assistida, como já mencionado anteriormente.
Essa condição ocorre quando a resposta dos ovários aos medicamentos usados no tratamento é exacerbada. As gonadotrofinas injetáveis são as que mais comumente levam ao desenvolvimento da síndrome da hiperestimulação ovariana.
Classificações da SHO
A síndrome da hiperestimulação ovariana pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave. Essa classificação leva em consideração os sintomas relacionados à resposta ovariana.
SHO leve
Na SHO leve, que ocorre em até 20% dos ciclos de estimulação ovariana, os sintomas mais comuns são:
- Desconforto abdominal;
- Aumento do tamanho dos ovários;
- Inchaço;
- Náuseas, vômitos e diarreia;
- Cólicas;
- Acúmulo de líquido livre e ganho de peso.
SHO moderada
A síndrome da hiperestimulação ovariana pode ser classificada como moderada quando a intensidade dos sintomas descritos acima causa um desconforto mais intenso na paciente. A presença de líquido livre acumulado na cavidade pélvica e abdominal é mais comum nesse tipo de SHO, promovendo o surgimento de ascite.
SHO grave
Além dos sintomas já descritos previamente ocorrendo de forma bem mais intensa, a síndrome da hiperestimulação ovariana grave se caracteriza, ainda, pela presença de alterações na urina (oligúria ou anúria), falta de ar (dispnéia severa) ou desenvolvimento de trombose venosa profunda.
SHO precoce e tardia
Além da classificação de acordo com a gravidade, a síndrome da hiperestimulação ovariana pode ainda ser classificada em precoce e tardia.
A forma precoce da SHO ocorre quando os sintomas são percebidos no período próximo à coleta de óvulos (em até 9 dias após a coleta). Na maioria dos casos, costumam ser leves.
A síndrome da hiperestimulação ovariana tardia, por sua vez, ocorre quando o diagnóstico é feito após 10 dias da coleta. No caso de mulheres que fizeram o tratamento e transferiram o embrião na sequência, a SHO tardia pode ser agravada pelos hormônios produzidos pelo próprio corpo no início da gravidez, como o hCG (hormônio gonadotrofina coriônica humana).
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Gravidade da síndrome da hiperestimulação ovariana
A síndrome da hiperestimulação ovariana é uma doença que pode se agravar e causar diversas complicações às pacientes. Como mencionado anteriormente, em sua forma grave, a SHO pode causar alterações importantes no sistema urinário (que podem levar à insuficiência renal), respiratório (derrame pleural) e circulatório (trombose venosa profunda por conta da formação de coágulos na corrente sanguínea).
Essas condições, se não identificadas e tratadas com rapidez, podem evoluir para quadros de extrema gravidade – e mesmo morte. No entanto, quando a síndrome da hiperestimulação ovariana é detectada e tratada precocemente, as chances de complicações são pequenas.
Diagnóstico da síndrome da hiperestimulação ovariana
O diagnóstico da síndrome da hiperestimulação ovariana é feito a partir da análise da história clínica da paciente — se realizou tratamento de estimulação ovariana, as doses e os tipos de hormônios que foram utilizados, a quantidade de oócitos coletados e a presença de sintomas — associada à realização de exames laboratoriais e a um exame de ultrassonografia transvaginal, para visualizar as alterações no tamanho dos folículos e dos ovários.
Tratamento para SHO
O tratamento para a síndrome da hiperestimulação ovariana depende da gravidade da condição e dos sintomas apresentados pela paciente. Casos leves podem ser tratados com repouso, hidratação (preferencialmente com isotônicos), ingestão de suplementos proteicos e uso de medicamentos para amenizar os sintomas.
Já os casos de SHO moderada podem necessitar de acompanhamento médico mais intenso (às vezes, com internação hospitalar), com realização de exames para avaliar as funções renal, circulatória e respiratória. Nesses casos, é necessário manter a hidratação rigorosa, uso de anticoagulante profilático e aplicação de medicações mais específicas, como a albumina.
Os casos de síndrome da hiperestimulação ovariana graves devem ser tratados com internação em unidade de terapia intensiva, por conta dos riscos de complicações graves e, por isso, da necessidade de procedimentos mais específicos.
Como a SHO pode afetar a gravidez?
Muitos casos de síndrome da hiperestimulação ovariana podem ser diagnosticados já durante a gravidez. O principal risco associado à gestação é o agravamento dos sintomas da SHO, que pode levar a paciente a um quadro grave – ou gravíssimo – da doença.
Por esse motivo, nos casos em que a síndrome é diagnosticada antes da mulher engravidar, é recomendado que ela não dê continuidade ao tratamento (no caso, à transferência de embrião) antes da remissão completa dos sintomas. Assim, é possível evitar que a condição evolua para suas formas mais graves.
Nos casos em que a paciente está passando por tratamentos de Reprodução Humana Assistida, pode haver a opção de preservar os óvulos coletados ou embriões gerados na FIV para serem utilizados posteriormente, quando for mais seguro engravidar.
Como prevenir a síndrome da hiperestimulação ovariana?
A principal maneira de prevenir a síndrome da hiperestimulação ovariana é detectar os fatores de risco da paciente antes do tratamento, principalmente por meio da realização de ultrassom transvaginal com contagem de folículos antrais ou por meio da coleta do hormônio anti-mulleriano, e amenizar as doses hormonais utilizadas.
É importante conhecer os principais fatores de risco para desenvolvimento da SHO, como:
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Níveis elevados de hormônio anti-mülleriano e alta contagem de folículos antrais na reserva ovariana;
- Menos de 30 anos;
- Baixo peso corpóreo;
- Ocorrências anteriores da síndrome da hiperestimulação ovariana.
Por fim, também é importante se atentar a fazer os tratamentos de Reprodução Humana com uma clínica composta por profissionais experientes e qualificados, que consigam avaliar individualmente cada característica de suas pacientes para evitar a SHO e quaisquer outras complicações durante o tratamento.
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Fontes:
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia