Com a evolução da sociedade, houve uma melhora nas abordagens correlacionadas à sexualidade do ser humano.
Atualmente sabemos que o desejo sexual depende de uma série de fatores e, por isso, é fundamental que qualquer queixa correlacionada a essa área seja avaliada por um especialista para que ele possa definir qual é o real motivo do problema.
Diversos estudos e pesquisas identificaram uma porcentagem cada vez maior de mulheres com redução na libido, sendo que até mesmo as pacientes que têm relacionamentos estáveis e sem complicações com os parceiros, apresentam esse tipo de queixa no consultório médico.
Mas e então? Como podemos ajudar essas mulheres?
Antes de mais nada é fundamental ter uma visão mais ampla sobre o assunto. A paciente deve se sentir confortável em abordar esse tema com o seu médico ginecologista, para que novos questionamentos sejam levantados a fim de solucionar possíveis problemas.
Grande parte das queixas sexuais são estritamente correlacionadas com o meio externo a que a paciente é submetida, ou seja, muitas vezes ela apresenta diminuição da libido, pois os seus pensamentos estão carregados devido ao trabalho estressante ou à rotina extenuante em que ela está inclusa.
Algumas interferências nessa rotina (por exemplo: jantar em um restaurante diferente, proporcionar um final de semana na praia – quebrando o vínculo do trabalho) podem, em alguns casos, resolver esse problema.
O relacionamento conjugal pode ser outro motivo para proporcionar uma redução na libido. Não adianta ter um relacionamento ruim com o seu parceiro e acreditar que tudo será resolvido no momento da relação sexual.
Obviamente que muitas mulheres perdem a vontade de se relacionar com o seu parceiro devido a perda de admiração e respeito, por exemplo. Nesses casos, o aconselhamento psicológico ou a terapia em casal podem ajudar.
Existem causas fisiológicas hormonais que podem interferir na libido. Sabemos que a variação do próprio ciclo menstrual gera uma alteração no desejo sexual.
Muitas mulheres não apresentam desejo sexual no momento da tensão pré-menstrual e depois que menstruam voltam a ter esse desejo.
Vale lembrar que cerca de 15% das usuárias de anticoncepcionais hormonais podem apresentar uma redução na libido em decorrência da redução na concentração sanguínea de testosterona livre – quando isso acontece, é fundamental que o ginecologista interfira e modifique a prescrição da paciente.
Entretanto, existem causas não identificáveis para a diminuição na libido. Até então muitas pacientes não eram devidamente tratadas nesses casos, devido à falta de medicamentos disponíveis no mercado.
E é sobre essa novidade que vamos falar hoje: a chegada do famoso “viagra feminino”.
Índice
Viagra feminino
Para combater a ausência do prazer sexual, a agência que regulamenta alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, a Food and Drugs Admininstration– FDA – aprovou no mês de Agosto a comercialização da flibanserina, primeira droga criada no intuito de estimular a libido feminina, principalmente das mulheres que se encontram no período da pós-menopausa. Essa medicação é conhecida popularmente como “viagra feminino”.
Diferente do medicamento masculino que deve ser tomado apenas uma vez antes da relação sexual, a pílula feminina deve ser tomada diariamente. O resultado vai aparecer após alguns dias do uso da pílula.
Entre os pontos negativos estão os efeitos colaterais provocados pelo medicamento, como por exemplo:
- Tonturas;
- Sonolência;
- Náuseas;
- Fadiga;
- Sensação de secura na boca.
Dentre os possíveis efeitos colaterais, ainda é possível identificar queda severa da pressão arterial ou até mesmo desmaios. “Apesar da existência de efeitos colaterais mais graves, devemos comemorar a introdução desse tipo de medicação.
Nossa sociedade está abrindo os olhos para um novo caminho e é fundamental apoiarmos os estudos que estão sendo desenvolvidos.
“O medicamento é um bom começo para as pacientes que sofrem com a baixa libido, principalmente as mulheres que se encontram no período da pós-menopausa, fase em que ocorre diminuição muito acentuada dos hormônios sexuais” defende o ginecologista Bruno Bedoschi.
A menopausa
Durante a menopausa há uma redução significativa da produção ovariana dos hormônios progesterona, estrogênio e testosterona.
A perda manifesta-se fisicamente, emocionalmente e psicologicamente no corpo da mulher. As reduções na produção hormonal podem promover diversas modificações clínicas nas pacientes, tais como:
Redução no estrogênio: contribui para uma região vaginal mais seca, sensível e enfraquecida. Apresenta ainda uma diminuição no tamanho do clitóris, lábios vaginais mais finos e a perda de pelos pubianos.
Redução na progesterona: a diminuição do hormônio não está ligada diretamente ao órgão sexual feminino, mas pode contribuir para a perda do desejo sexual e também com a depressão, estresse, baixa autoestima, entre outros.
Redução na testosterona: afeta o desejo sexual, a excitação e pode promover sintomas de dor durante e depois da relação sexual. É o principal hormônio para o estímulo sexual.
Contraindicações para o uso do “Viagra feminino”
Por outro lado, o medicamento apresenta algumas contraindicações, tais como:
- Não é indicado para a melhora do desempenho sexual;
- É extremamente proibido o consumo de álcool em conjunto com essa pílula;
- Não deve ser consumido por mulheres com insuficiência hepática (doenças crônicas do fígado).
O viagra feminino será comercializado a partir do mês de Outubro, apenas em farmácias credenciadas e com prescrição de médicos certificados pelo fabricante.
Apesar dos cuidados e contraindicações, os especialistas acreditam que a novidade é um grande avanço para o público feminino.
“Sempre houve medicamentos para o desenvolvimento sexual masculino e essa é uma das primeiras medicações liberadas e focadas no âmbito feminino. Essa novidade precisa ainda ser mais estudada para que ocorra uma melhora da biodisponibilidade da medicação e do tempo de ação da mesma, mas já é um grande avanço da Medicina.” ressalta o Dr. Bruno Bedoschi.