Inseminação artificial e Fertilização in Vitro são técnicas de Reprodução Assistida que podem ser realizadas em indivíduos transgêneros
Uma pessoa trans, seja individualmente ou como parte de um casal, tem o direito de formar sua família por meio da realização do sonho de obter uma gravidez. Para isso, é possível contar com o auxílio de tratamentos de Reprodução Humana Assistida.
A Reprodução Assistida para pessoas trans é perfeitamente viável, e os tratamentos podem variar de acordo com os gêneros e com outras características de cada indivíduo ou casal. Entenda melhor a seguir.
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Índice
Reprodução Assistida para pessoas trans: como funciona?
Os tratamentos de Reprodução Assistida para pessoas trans, de modo geral, não se diferem dos tratamentos disponíveis para os casais formados por pessoas cisgêneros. Isso porque, de forma mais importante, deve-se levar em consideração a disponibilidade dos gametas (óvulos e espermatozoides) e de útero, além de suas receptividades.
Essa disponibilidade é determinada não somente por exames realizados individualmente — para entender possíveis fatores de infertilidade e outras particularidades relacionadas à transição em si —, mas também de acordo com os gêneros e a orientação sexual dos membros do casal, que podem ser:
- Dois homens ou duas mulheres, sendo um indivíduo cisgênero e um trans;
- Dois homens ou duas mulheres, ambos transgêneros;
- Um homem e uma mulher, sendo um indivíduo cisgênero e um trans;
- Um homem e uma mulher, ambos transgêneros.
Opções de tratamentos possíveis
Os principais tratamentos realizados como métodos de Reprodução Assistida para pessoas trans são a inseminação artificial (IIU) e a fertilização in vitro (FIV).
Inseminação artificial
A inseminação artificial é uma opção de Reprodução Assistida para pessoas trans quando há um útero viável disponível (seja de uma mulher cisgênero ou de um homem trans). O sêmen pode ser obtido da pessoa parceira, que pode ser uma mulher trans ou um homem cisgênero, ou de um doador anônimo em um banco de sêmen.
O tratamento é realizado por meio da introdução do sêmen obtido diretamente no útero durante o período ovulatório. Isso aumenta as possibilidades de fecundação, já que pode ser feito um tratamento prévio de estimulação ovariana e o procedimento em si diminui o risco de perda de gametas.
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Fertilização in Vitro
A FIV é o tratamento mais realizado em Reprodução Assistida para pessoas trans. No procedimento, os óvulos são fecundados com espermatozoides em ambiente laboratorial, com os embriões transferidos para o útero após alguns dias de desenvolvimento.
Nesse procedimento, tanto os óvulos quanto os espermatozoides podem vir de um dos membros do casal, de acordo com sua disponibilidade. Nos casos em que há necessidade, o casal pode fazer o tratamento com um útero de substituição, quando uma mulher cede temporariamente o útero para gestar.
Vale ressaltar que pessoas trans que se submeteram a tratamentos cirúrgicos de afirmação de gênero não conseguem obter gametas próprios para os tratamentos de Reprodução Assistida, sendo necessária a obtenção de gametas a partir de banco de doadores (ou por parentes em até quarto grau).
Quais são os possíveis riscos?
As complicações relacionadas aos tratamentos de Reprodução Assistida para pessoas trans são, de modo geral, as mesmas de qualquer tratamento de IIU ou FIV, e incluem:
- Riscos de gravidez múltipla;
- Problemas relacionados à estimulação ovariana;
- Riscos de gestação ectópica;
- Lesões em órgãos pélvicos;
- Riscos relacionados à gravidez.
No entanto, esses riscos são baixos, principalmente quando os tratamentos são realizados de forma individualizada.
Uma situação que deve ser avaliada é a necessidade de interromper o tratamento hormonal em pessoas trans para obtenção dos seus próprios gametas. Nem sempre a interrupção hormonal é necessária, mas é importante que o médico avalie cada caso, no intuito de minimizar os riscos de disforia de gênero. Uma opção válida é sempre orientar as pessoas trans a realizarem congelamento de gametas antes de iniciar o tratamento hormonal para desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, porém nem sempre isso é possível.
O que o CFM diz sobre Reprodução Assistida para pessoas trans?
Desde 2013, o Conselho Federal de Medicina regulamenta os tratamentos aos casais homoafetivos. Em 2021, houve uma atualização que contempla a Reprodução Assistida para pessoas trans, permitindo às clínicas a realização dos procedimentos de acordo com as particularidades de cada casal.
Fontes: