Essa malformação congênita pode gerar complicações para a gravidez, porém existem tratamentos que podem minimizar esses riscos
O septo uterino é uma malformação congênita que divide o útero em duas porções devido à presença de uma membrana constituída por fibras musculares e elásticas. O problema geralmente não causa sintomas e pode ser detectado durante a realização de exames ginecológicos de rotina, na pesquisa de quadros de abortamento de repetição ou na investigação da infertilidade feminina.
Há casos em que a mulher pode sentir dor pélvica e apresentar sangramento excessivo durante a menstruação. Como esses sintomas podem surgir em decorrência de outras doenças, é preciso investigação médica detalhada. O diagnóstico é simples, realizado por exames de imagem, tais como a ultrassonografia transvaginal, a histerossalpingografia ou a histeroscopia diagnóstica.
Índice
Causas do útero septado
É por volta da nona semana de gestação que se forma o útero da futura menina. Nesse momento, os ductos de Müller (estruturas embrionárias que dão origem aos órgãos genitais) se fundem para dar origem às tubas uterinas, ao útero e à parte superior da vagina. Para a correta formação do útero é preciso que haja uma fusão completa entre os ductos.
Quando essa fusão não ocorre adequadamente ou ocorre parcialmente, resta uma membrana (o septo) dentro do órgão, que passa a ter duas porções de tamanhos diferentes, reduzindo o espaço para o desenvolvimento do feto. O útero septado é o tipo mais comum de anomalia mülleriana, atingindo cerca de 3 a 7% da população feminina.
Em consequência disso, as mulheres acometidas estão susceptíveis a apresentarem complicações obstétricas, tais como abortamento, parto prematuro ou gestações com fetos em apresentações anômalas (pélvico ou transverso). O útero septado é a condição mais comum entre as anomalias uterinas encontradas nas pacientes, sendo também uma das poucas que podem ser corrigidas.
Qual é a relação entre o septo uterino e a infertilidade?
As malformações uterinas afetam a fertilidade feminina porque limitam o tamanho ou promovem distorções da cavidade uterina. Dessa forma, o feto tem pouco espaço para se desenvolver.
A mulher diagnosticada com septo uterino pode engravidar, mas o sucesso da gravidez dependerá do local em que o feto está se desenvolvendo.
A relação entre o septo uterino e a infertilidade não é tão evidente, porém o risco de complicações obstétricas tende a ser maior em pacientes portadoras de septo uterino. Dentre as principais complicações na relação entre o septo uterino e a infertilidade, podemos citar: maior risco de aborto e parto prematuro. No entanto, existem tratamentos que podem promover a cura dessa condição e, consequentemente, minimizar os riscos dessas complicações.
Tratamentos para septo uterino e a infertilidade
O tratamento para septo uterino e a infertilidade pode ser realizado por intervenção cirúrgica (histeroscopia cirúrgica para septoplastia) seguido de métodos de Reprodução Assistida, quando necessário.
Intervenção cirúrgica
O objetivo é retirar a estrutura muscular e elástica (denominada de septo) que divide o útero. A cirurgia é realizada em ambiente hospitalar, por meio de uma histeroscopia cirúrgica com anestesia geral e tem duração de cerca de 1 hora. A recuperação é rápida e a paciente pode retornar às atividades físicas e sexuais após um período de 15 dias. Depois de oito semanas após a cirurgia, caso a paciente tenha uma boa recuperação, ela pode ser liberada para iniciar as tentativas para obter uma gravidez.
Reprodução Assistida
Se a mulher apresentar dificuldade para engravidar, mesmo após a realização da cirurgia, as técnicas de Reprodução Humana Assistida são uma opção, tais como a relação sexual programada (RSP), inseminação intrauterina (IIU) ou fertilização in vitro (FIV).
- Relação sexual programada: esta técnica faz uso de medicamentos hormonais para estimular os ovários a produzirem um número um pouco maior de óvulos do que normalmente acontece a cada ciclo menstrual. Depois da utilização dos medicamentos, o médico realiza uma série de exames ultrassonográficos seriados e indica ao casal qual é o melhor período para manter relações sexuais e aumentar as chances de gravidez;
- Inseminação Intrauterina (IIU): também conhecida como inseminação artificial, a IIU é feita com estimulação ovariana e acompanhamento ultrassonográfico seriado, porém, diferentemente do que acontece na relação sexual programada, os espermatozoides são coletados, preparados em laboratório e depositados diretamente no interior da cavidade uterina, no intuito de facilitar a fecundação;
- Fertilização in vitro(FIV): na FIV também ocorre a estimulação ovariana (com uma dosagem maior do que ocorre na IIU e na relação sexual programada), mas os óvulos são coletados diretamente dos ovários (por meio de um procedimento cirúrgico chamado de captação oocitária) e a fecundação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é realizada em laboratório. Depois de formados os embriões e cultivados por alguns dias em laboratório, eles são inseridos no útero novamente para que ocorra a nidação e o início da gravidez.
A relação entre o septo uterino e a infertilidade ainda não é bem estabelecida. Entretanto, devido ao risco de possíveis complicações para a gravidez, é fundamental que a paciente que deseja engravidar e é portadora de septo uterino realize o tratamento cirúrgico. Existem procedimentos que podem ajudar o casal a superar o problema e a ter uma gravidez saudável. Se você está tentando engravidar há mais de um ano, sem sucesso, procure ajuda médica.
Fonte:
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida;
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.