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Março Amarelo: Atenção redobrada à Endometriose

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Março Amarelo: Atenção redobrada à Endometriose

Imagem: Shutterstock

A endometriose é uma das doenças ginecológicas que complicam de forma mais significativa a qualidade de vida da mulher. Com mais de 7 milhões de mulheres portadoras dessa doença, o mês de março é pintado de amarelo para enfatizar o “Mês Mundial de Conscientização da Endometriose”.

Duas mãos seguram laço amarelo em referência ao mês de conscientização sobre endometriose
Imagem: Shutterstock

Por vezes assintomática, a endometriose tende a ser diagnosticada de forma tardia — com uma média de oito anos para o diagnóstico preciso — e, quando isso ocorre, a mulher já passou por dias doloridos, fez uso de medicamentos de forma equivocada e viu sua qualidade de vida diminuir drasticamente ao longo dos anos.

Como forma de alertar as mulheres sobre essa doença, a Dra. Amanda Bedoschi, médica ginecologista e obstetra da clínica BedMed, ressalta algumas particularidades sobre esse tema. Confira a seguir!

O que é a endometriose?

Entende-se por endometriose a migração anômala do tecido endometrial (que reveste a parte interna do útero) para lugares adjacentes ao útero, como as tubas uterinas e os ovários, por exemplo. Inclusive, existem estudos que demonstram que já foram constatados focos de endometriose até mesmo no cérebro.

Esses focos de células endometriais promovem um processo inflamatório intenso na cavidade abdominal, com consequente surgimento de dor e fibrose. Toda essa inflamação pode vir a prejudicar a foliculogênese (formação e amadurecimento dos óvulos) e a implantação do embrião no interior da cavidade uterina, gerando um risco maior de infertilidade entre a população portadora de endometriose.

Os outros locais em que as células endometriais costumam se alojar e causar inflamação, além dos já mencionados previamente, são:

  • Ligamentos útero-sacros;
  • Septo reto-vaginal;
  • Trato genital baixo (cérvice, vulva e vagina);
  • Bexiga;
  • Alças intestinais.

Quais são as principais causas associadas ao desenvolvimento da doença?

Ainda não existe uma definição exata para causas da endometriose. Os diversos estudos publicados acreditam que a doença tenha origem multifatorial, ou seja, ocasionada por diversas razões. Entretanto, a causa mais comum e presente para o desenvolvimento da doença é a menstruação retrógrada.

Tal situação faz com que o tecido endometrial, que deveria ser eliminado pelo canal vaginal durante a menstruação, caminhe de forma contrária e se direcione as tubas uterinas, sendo eliminado para o interior da cavidade abdominal.

Segundo a Dra. Amanda Bedoschi, a teoria do refluxo menstrual é comumente associada à endometriose, mas esta não é a única explicação para o surgimento da doença. “Já foi demonstrado que muitas mulheres apresentam fluxo menstrual retrógrado, porém nem todas elas desenvolvem a endometriose. Outros fatores, tais como predisposição genética e alteração da imunidade, podem explicar a formação desses focos inflamatórios que tanto atrapalham a qualidade de vida das nossas pacientes”, explica a especialista.

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Quais são os principais sintomas da endometriose?

A endometriose pode ser assintomática, ou seja, não promover o surgimento de nenhuma alteração clínica. Em contrapartida, para algumas mulheres, os sintomas reverberam negativamente na qualidade de vida, sendo que os mais comuns são:

  • Dor pélvica intensa;
  • Cólicas menstruais com piora progressiva ao longo dos anos;
  • Escapes fora do período menstrual;
  • Dor na relação sexual;
  • Infertilidade conjugal.

A Dra. Amanda Bedoschi informa que os quadros de dor são os que mais prejudicam as mulheres, sendo que muitas recorrem a um atendimento emergencial para a administração de medicamentos via endovenosa. “É comum que as mulheres portadoras dessa doença tenham de se afastar das suas atividades diárias devido à dor intensa e incapacitante ocasionada pela endometriose”.

Como é realizado o diagnóstico da doença?

O diagnóstico da endometriose é feito com base nos sintomas relatados pela paciente em consulta junto ao ginecologista. Como mencionado, a doença demora a ser diagnosticada e, para que ocorra a sua correta identificação, é importante que a paciente realize exames complementares.

Os principais exames complementares utilizados para promover um possível diagnóstico da doença são: ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, ressonância nuclear magnética da pelve ou videolaparoscopia com biópsia e estudo anatomopatológico (padrão ouro para o correto diagnóstico da doença).

Como deve ser realizado o tratamento para endometriose?

Para tratar a endometriose é necessário compreender quais serão os planos da paciente com relação ao desejo da maternidade. Logo, podemos dividir os protocolos de tratamento entre mulheres que não pretendem engravidar (tanto a curto quanto a longo prazo) e mulheres que pretendem engravidar.

A Dra. Amanda Bedoschi informou que o protocolo de tratamento da endometriose em mulheres que não pretendem engravidar é a suspensão da menstruação. Isso é feito com o uso contínuo de contraceptivos hormonais ou uso de DIU hormonal.

Para mulheres que pretendem engravidar, é necessária uma averiguação mais aprofundada de sua reserva ovariana e da localização e extensão da endometriose. Isso ajudará o médico a entender qual será o melhor tipo de tratamento para cada caso.

Vale lembrar que cada caso deve ser avaliado de maneira individualizada, ou seja, cada tratamento só deve ser indicado após uma avaliação minuciosa da paciente e de todos os seus exames.

É possível prevenir a endometriose?

Infelizmente não existe uma forma de prevenção da endometriose. O que pode ser feito é o acompanhamento anual junto ao ginecologista como forma de detecção precoce da doença, permitindo um tratamento mais adequado e de forma mais ágil.

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Fonte:

Organização Mundial da Saúde (OMS);

Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE);

Clínica Ginecológica BedMed;

Dra. Amanda Bedoschi.

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