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Como funciona a cauterização do colo do útero para evitar a progressão das lesões causadas pelo HPV?

Como funciona a cauterização do colo do útero para evitar a progressão das lesões causadas pelo HPV?

Imagem: Shutterstock

Dados do Ministério da Saúde indicam que mais da metade da população sexualmente ativa no Brasil, com idade entre 16 a 25 anos, é portadora do papiloma vírus humano, também conhecido pela sigla HPV. Considerada uma doença sexualmente transmissível (DST), a infecção pelo HPV, quando não tratada de forma adequada, pode resultar em doenças mais graves, tais como o câncer do trato genital feminino. Por isso, toda mulher que já iniciou a atividade sexual deve realizar a coleta do exame Papanicolaou (exame preventivo do colo uterino) de forma anual, pois esse exame consegue determinar a presença de possíveis feridas ocasionadas pela proliferação do vírus HPV.

Os ectrópios, ou feridas no útero, indicam a necessidade de cuidados mais específicos com a saúde íntima, sendo que, se não forem tratados, podem se transformar em áreas altamente propensas a uma infecção mais grave. A cauterização do colo do útero é uma das formas de tratamento, pode ser feita no próprio consultório ginecológico e apresenta alta eficácia.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a atenção ao tratamento é importante, uma vez que o câncer no colo do útero é o quarto mais incidente entre as mulheres, ficando atrás do câncer de pele, mama e colorretal.

Vale salientar que as lesões decorrentes da infecção pelo HPV podem surgir em outras áreas do corpo e podem atingir os homens também.  Portanto, é fundamental que um médico especialista em Ginecologia sempre avalie o resultado do exame para determinar qual é o melhor tipo de tratamento indicado.

Após o diagnóstico da infecção pelo HPV, a paciente pode realizar alguns tipos de tratamento, a depender da localização da ferida, da sua extensão e do período de vida da mulher. Os principais tipos de tratamento são:

  • Cauterização química: realizada por meio da aplicação do ácido tricloroacético ou da criocauterização. Esse tratamento é geralmente indicado para os casos de verrugas genitais (lesões originadas a partir da infecção do vírus HPV de baixo grau – HPV grupo A);
  • Eletrocauterização: é feito com um aparelho que emite ondas elétricas (eletrocautério). A aplicação de energia possibilita a destruição das células superficiais do epitélio, impedindo a proliferação do vírus HPV para camadas mais profundas da pele. Esse tratamento é geralmente indicado para os casos de lesões microscópicas causadas pela ação do vírus HPV de alto grau – HPV grupo B;
  • Procedimento cirúrgico: indicado em caso mais graves de infecção pelo vírus HPV. As lesões pré-cancerígenas (NIC II e NIC III) devem ser tratadas por meio da conização do colo uterino. O câncer de colo uterino também deve ser tratado de forma cirúrgica, a depender do seu grau de evolução (nos casos de câncer de colo uterino, é indicado que a paciente realize uma avaliação multiprofissional para determinar qual é o melhor tratamento para o seu caso).

Somente o procedimento cirúrgico é feito em ambiente hospitalar, pois demanda anestesia e uma equipe técnica especializada, além de um local adequado devido à alta complexidade do procedimento. Os demais procedimentos podem ser feitos no próprio consultório, com uso de anestesia local. Esses procedimentos costumam ser rápidos, apresentam alta eficácia e não há a necessidade de internação após a realização dos mesmos.

 Quais são os cuidados após a realização da cauterização do colo uterino?

A região cauterizada pode ficar mais sensível, sendo comum o surgimento de dor local, sangramento ou corrimento após a cauterização. Desta forma, a recomendação é que a paciente não realize esforço físico intenso e que não tenha relações sexuais durante alguns dias. O tratamento é complementado de forma domiciliar. O médico geralmente prescreve pomadas anti-inflamatórias e cicatrizantes, além de analgésicos por via oral. Seguir a orientação médica é importante e resultará no sucesso do tratamento.

Por mais que tenha sido feita a cauterização do colo uterino, a infecção pelo vírus HPV pode persistir, pois esse tipo de tratamento cura a lesão, mas não a infecção pelo vírus. Por isso, é fundamental realizar consultas e exames de rotina para seguimento do caso. Toda paciente deve ser orientada a manter um estilo de vida saudável, propiciando uma melhora no seu sistema imunológico, reduzindo, dessa forma, a recidiva da lesão.