O Clomifeno é um dos medicamentos utilizados para a estimulação ovariana, técnica que pode resultar em mais de um óvulo maduro por ciclo menstrual
Após 12 meses contínuos de tentativas para engravidar, sem o uso de nenhum método contraceptivo e sem sucesso, o casal pode ser diagnosticado com infertilidade conjugal, um quadro que costuma estar acompanhado por uma série de dúvidas em relação às causas e, principalmente, aos tratamentos para engravidar.
Um dos primeiros passos para tratar a infertilidade e alcançar a gestação é a indução da ovulação. A partir de medicamentos como o Clomifeno, por exemplo, as chances de gravidez podem ser maximizadas. Saiba em quais casos esse indutor de ovulação pode ser prescrito e como ele age para driblar a infertilidade.
Índice
Quando devo começar a tomar?
A princípio, é importante reforçar que o tratamento de Reprodução Assistida deve sempre ser acompanhado por um profissional responsável e experiente. O Clomifeno é um medicamento de indução da ovulação que deve ser consumido apenas com prescrição médica. Seu objetivo é provocar a produção e o crescimento folicular ovariano, portanto, pode não ser eficiente para pacientes que tenham como causa da infertilidade patologias como obstruções tubárias, miomas uterinos, alterações seminais graves, endometriose ou outras etiologias que demandam tratamentos específicos.
Levando em consideração os fatores femininos, há mulheres que são acometidas por miomas, uma condição que atinge cerca de 20 a 50% das mulheres em idade reprodutiva. Mesmo que os miomas sejam, em alguns casos, assintomáticos, dependendo da sua localização e das regiões acometidas, eles podem, sim, comprometer a fertilidade feminina.
O tratamento para mulheres diagnosticadas com mioma uterino e que não conseguem engravidar engloba o uso de medicamentos ou intervenção cirúrgica. Por esse motivo, a avaliação especializada é fundamental para que a mulher esteja segura em relação à sua saúde reprodutiva e busque técnicas eficazes para o seu caso.
O Clomifeno pode ser recomendado para pacientes que sofrem com a inibição da ovulação, tais como:
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), que acarreta o aumento da produção ovariana de hormônios androgênios, o que leva a alteração ou até mesmo ausência de ovulação;
- Mulheres que sofrem com distúrbios hormonais que levam à ausência de ovulação, como por exemplo distúrbios tireoidianos ou hiperprolactinemia;
- Infertilidade sem causa aparente (ISCA).
A estimulação ovariana com medicamentos como o Clomifeno também é utilizada como passo inicial em alguns tratamentos de Reprodução Assistida, tais como:
Como o Clomifeno funciona?
O ciclo menstrual normalmente dura cerca de 28 dias e é caracterizado por três fases: folicular, ovulatória e lútea. Durante a fase folicular, o hormônio folículo-estimulante (FSH) é liberado para estimular o crescimento dos folículos ovarianos e, na sequência, é estimulada a produção do hormônio luteinizante (LH). Ambos promovem a liberação do estrogênio, hormônio que irá preparar o endométrio para receber o embrião.
O Clomifeno é um medicamento administrado por via oral, que atua nos receptores de estrogênio do sistema nervoso central. Composto por citrato de clomifeno, o Clomifeno leva o organismo a interpretar erroneamente a quantidade total de estrogênio que circula no corpo. Desta forma, o sistema nervoso irá aumentar a produção dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), com o intuito de aumentar os índices de estrogênio.
O aumento na produção de FSH e LH favorece o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, possibilitando que mais de um óvulo maduro seja liberado para fecundação em um mesmo ciclo.
Clomifeno engorda?
Clomifeno é um medicamento que atua diretamente na produção hormonal. Sendo assim, é comum que a mulher apresente algumas reações adversas. No entanto, o ganho de peso não consta como um efeito colateral ao tratamento com o medicamento.
A ansiedade, característica do período de tentativas, o estresse e a retenção de líquidos são alguns dos fatores que podem contribuir para a sensação de ganho de peso. Porém, esses são quadros que podem ser contornados com facilidade e não têm relação direta com o uso do medicamento.
Dentre as reações comuns do Clomifeno, isto é, aquelas que foram relatadas por 1 a 10% das pacientes, observa-se:
- Desconfortos abdominais;
- Náuseas;
- Dor de cabeça;
- Vômitos;
- Dor para urinar.
Riscos e cuidados para tomar Clomifeno
Como qualquer medicamento, o Clomifeno deve ser administrado com o devido acompanhamento médico. É fundamental que um profissional avalie a dosagem e duração do tratamento e, sobretudo, autorize o seu uso.
Clomifeno não deve ser usado por pacientes que sejam alérgicas ao citrato de clomifeno e nem por mulheres que apresentam histórico de doenças hepáticas. Além disso, o uso do medicamento é contraindicado para pacientes que tenham tumores hormônio-dependentes e cistos ovarianos.
Dentre os riscos no uso do Clomifeno, indica-se a possibilidade da Síndrome de Hiperestímulo Ovariana (SHO), principalmente quando utilizado em combinação com gonadotrofinas, estimuladores ovarianos injetáveis. Por isso, essa medicação só deve ser utilizada após ter sido prescrita por um médico especialista em Reprodução Humana e é fundamental que a paciente realize acompanhamento ultrassonográfico para avaliar o crescimento folicular. Caso o número de folículos esteja muito elevado, o médico pode orientar a paciente a suspender o ciclo de tratamento, por exemplo, devido ao risco elevado de complicações, tais como a SHO ou a gemelaridade.
Toda e qualquer medicação apresenta reações e possíveis riscos que são estudados a fundo. O Clomifeno é uma opção segura, registrada pelos órgãos competentes, e deve ser empregada sempre sob supervisão médica. Não se automedique.
Fontes:
Bula do Medicamento Clomid.