O tratamento cirúrgico é recomendado para controlar a progressão da doença, os sintomas intensos e as suas possíveis complicações
A endometriose é uma doença ginecológica inflamatória crônica que consiste na implantação e crescimento do tecido que reveste a parte interna do útero, chamado de endométrio, em outros órgãos abdominais. A condição pode provocar dores intensas, sangramentos e até mesmo dificuldade para engravidar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 180 milhões de mulheres no mundo sofrem com esse problema, sendo que 7 milhões delas são brasileiras.
Embora a cirurgia de endometriose não seja indicada em todos os casos, muitas pacientes são beneficiadas com esse tratamento devido ao alívio dos sintomas e a melhora de alguns quadros de infertilidade. Saiba em quais situações e como esse procedimento é realizado.
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Índice
Quais são os fatores de risco da endometriose?
Ainda que as causas da endometriose não sejam completamente compreendidas, existem fatores de risco atribuídos a essa condição, como:
- Histórico familiar materno, quando a mãe ou a irmã sofrem com a doença;
- Menarca precoce, que é a primeira menstruação antes dos 8 anos de idade;
- Primeira gestação tardia, geralmente após os 30 anos de idade;
- Ciclos menstruais curtos;
- Períodos menstruais longos;
- Fluxo menstrual aumentado;
- Malformação uterina.
Como tratar a endometriose?
A endometriose é uma doença crônica e não possui cura. O tratamento visa controlar a progressão da patologia, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da mulher. O problema pode ser tratado de forma clínica ou cirúrgica, dependendo do grau e do impacto da endometriose.
O tratamento clínico utiliza métodos não invasivos para o gerenciamento da doença. Nesse contexto, os medicamentos incluem analgésicos e anti-inflamatórios, que auxiliam no controle da dor, assim como remédios que diminuem ou bloqueiam a produção do estrogênio, hormônio que estimula o desenvolvimento dos focos de endometriose.
Anticoncepcionais e progestagênios ou medicamentos agonistas do GnRH são alguns exemplos de remédios que regulam ou suspendem a menstruação, o que limita o crescimento e a atividade do tecido endometrial já espalhado em diferentes órgãos da região do abdome. A cirurgia de endometriose é uma alternativa à resposta insatisfatória ao tratamento clínico.
Quando a cirurgia de endometriose é recomendada?
A cirurgia de endometriose é indicada em diferentes cenários, de acordo com a gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento clínico. As situações mais comuns de recomendação da intervenção cirúrgica são:
Falha do tratamento clínico
O tratamento clínico pode ter uma eficácia limitada e apresentar efeitos adversos desconfortáveis. A cirurgia de endometriose é uma alternativa para quadros em que os medicamentos hormonais e analgésicos não conseguem controlar adequadamente os sintomas, não proporcionam alívio significativo ou quando os efeitos colaterais são intoleráveis.
Casos de infertilidade
A cirurgia de endometriose também pode ser recomendada quando a condição causa complicações adicionais, como a infertilidade. O tratamento cirúrgico melhora as chances de concepção, já que remove o tecido endometrial que causa inflamação, dor, distorções anatômicas no aparelho reprodutivo feminino e desregulação do ciclo menstrual.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, sendo que nem todos os casos de infertilidade conjugal e endometriose deverão ser tratados cirurgicamente.
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Progressão da doença
O avanço da doença leva a sintomas mais intensos e complicações graves, o que compromete a qualidade de vida da paciente. A cirurgia de endometriose diminui a quantidade de tecido endometrial fora do útero, limitando a progressão da doença e a formação de novos implantes. Com isso, a inflamação e as dores são reduzidas.
Acometimento de outros órgãos
Os focos de endometriose podem se espalhar por órgãos fora da cavidade pélvica, como intestino, bexiga e até mesmo fígado e pulmões, em casos mais raros. Além de dor crônica, outros sintomas frequentes nessas situações são disfunções intestinais e urinárias, que são tratadas com a cirurgia de endometriose.
Como é o pré-operatório da cirurgia de endometriose?
Exames físicos e de imagem fazem parte do pré-operatório da cirurgia de endometriose com o propósito de avaliar a localização e a extensão dos focos da doença. Dependendo do quadro clínico da paciente e das comorbidades associadas, o médico solicitará outros exames pré-operatórios, tais como eletrocardiograma e radiografia de tórax.
A paciente recebe instruções quanto à preparação da cirurgia de endometriose com a finalidade de minimizar os riscos durante o procedimento. Alguns deles são:
- Suspensão temporária de medicamentos que alterem a coagulação sanguínea;
- Jejum de pelo menos 8 horas;
- Dieta específica nas 48 horas anteriores à operação e uso de remédios para esvaziar o intestino em casos de focos de endometriose nesse órgão.
Como a cirurgia de endometriose é realizada?
A cirurgia de endometriose é realizada para a remoção do tecido endometrial que se encontra fora do útero, podendo ser feita de forma conservadora, em que o útero e os ovários são preservados para que a paciente possa engravidar, ou definitiva, nos casos em que esses órgãos são removidos. No geral, a remoção é feita somente quando a mulher já possui filhos ou não pretende engravidar.
O método conservador é o tratamento mais frequente, geralmente feito por videolaparoscopia. Essa técnica minimamente invasiva é realizada por meio de pequenas incisões na região abdominal por onde são inseridos os instrumentos cirúrgicos e uma pequena câmera que permite visualizar e cauterizar os implantes de endometriose.
Apesar de existirem outras técnicas, a videolaparoscopia é a cirurgia de endometriose que causa menos traumas aos tecidos em volta da região manipulada e, consequentemente, menos dores durante o pós-operatório. Além disso, esse método reduz a duração da operação, o tempo de internação e o período de recuperação.
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Cuidados e recomendações no pós-operatório
Os cuidados no pós-operatório variam de acordo com o método da cirurgia de endometriose. Na maioria dos casos, a paciente recebe alta após 24 horas do procedimento e deve seguir medidas, como:
- Cumprir repouso relativo;
- Evitar esforços, como atividades físicas, domésticas e laborais;
- Não levantar peso;
- Não se exercitar por pelo menos um mês;
- Evitar relações sexuais nas primeiras semanas;
- Manter uma alimentação saudável, o consumo de água e o uso dos medicamentos prescritos.
Possíveis riscos da cirurgia
Os riscos da cirurgia de endometriose são baixos, mas podem variar de acordo com o grau da doença e a complexidade do procedimento. No geral, os principais são:
- Reações anestésicas;
- Infecções;
- Lesões nas estruturas adjacentes aos focos de endometriose;
- Embolia pulmonar;
- Formação de aderências pós-operatórias.
Quem faz a cirurgia de endometriose pode engravidar?
A remoção do tecido endometrial restabelece a anatomia do aparelho reprodutivo feminino e melhora a receptividade e fixação do embrião. As técnicas da Reprodução Assistida também aumentam as chances de gravidez, particularmente em casos mais graves, uma vez que facilitam a fertilização dos óvulos (em ambiente laboratorial) e a implantação do embrião no interior do útero.
Portanto, mulheres submetidas à cirurgia de endometriose podem engravidar dependendo da gravidade da doença, da extensão do procedimento cirúrgico e de outros fatores de saúde da paciente. Ainda assim, a doença não tem cura e o procedimento cirúrgico não impede que novos focos de endometriose surjam.
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Fontes:
Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA)
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia