A pré-eclâmpsia é uma condição grave de uma doença hipertensiva específica da gravidez que pode surgir, em geral, a partir da 20ª semana de gestação. É caracterizada pelo aumento dos níveis pressóricos juntamente ao surgimento de proteinúria, ou seja, perda de proteína pela urina.
Essa condição acontece por conta da liberação de proteínas fetais na corrente sanguínea materna. Esse processo causa uma resposta imunológica pela qual o organismo materno agride as paredes dos vasos sanguíneos, resultando na vasoconstrição e elevação da pressão arterial.
Aproveitando o Dia Nacional de Combate à Hipertensão Arterial, comemorado no dia 26 de Abril, os médicos especialistas em Obstetrícia da clínica BedMed esclarecem a seguir como funciona o diagnóstico e tratamento da pré-eclâmpsia.
Como a pré-eclâmpsia é diagnosticada?
Por se tratar de uma doença hipertensiva específica da gravidez, a pré-eclâmpsia é caracterizada pela elevação dos valores normais de pressão arterial que deveriam ser mantidos abaixo de 140 x 90 mmHg.
Caso os valores da pressão arterial fiquem acima desse valor, em conjunto com o surgimento de proteinúria, é caracterizado um quadro de pré-eclâmpsia. Além desses sintomas, a gestante pode apresentar inchaço dos membros inferiores e superiores, aumento excessivo do peso corpóreo e cefaleia. Entretanto, algumas pacientes podem ser assintomáticas.
O diagnóstico da pré-eclâmpsia é baseado em múltiplos fatores, como aferição de níveis elevados da pressão arterial, história clínica da gestante, sintomas referidos e avaliação de exames laboratoriais de sangue e de urina.
O principal risco da pré-eclâmpsia é que ela evolua para um quadro de eclâmpsia, que pode incluir sintomas como dor de cabeça, dor de estômago e alterações visuais seguidos de convulsões. Outros sintomas da eclâmpsia incluem sangramento vaginal e coma durante a gestação ou puerpério. Devido à gravidade do quadro, trata-se de uma condição que coloca a vida da gestante e do bebê em risco.
Quais são os principais fatores de risco para o surgimento da pré-eclâmpsia?
Atualmente, a Medicina não conseguiu identificar todos os fatores responsáveis pelo surgimento da pré-eclâmpsia, não sendo possível adotar medidas preventivas que assegurem que a gestante não desenvolva essa doença durante a gravidez.
Apesar disso, conhecer os fatores de risco associados a essa condição permite que mulheres que façam parte do grupo de risco tenham um acompanhamento mais rígido com o médico obstetra, sendo que esse seguimento deve ser feito, de preferência, desde o planejamento da gravidez.
Entre os principais aspectos que são considerados agravantes, incluem-se:
- Hipertensão arterial sistêmica crônica;
- Primeira gestação;
- Diabetes mellitus tipo 1, tipo 2 ou gestacional;
- Presença de doença autoimune, tais como lúpus ou vasculites;
- Obesidade;
- Gestação gemelar;
- Gestação com idade materna acima dos 35 anos ou antes dos 18 anos;
- Histórico familiar positivo para pré-eclâmpsia.
Qual é o papel do médico obstetra nos casos de pré-eclâmpsia?
Preferencialmente, o médico obstetra deverá fazer o acompanhamento desde antes da concepção, avaliando o quadro de saúde do casal e verificando a existência de algum fator de risco que exigirá maiores cuidados na gestação.
Caso não seja possível o acompanhamento prévio, a recomendação é que a gestante inicie o pré-natal assim que a gestação for confirmada, realizando todos os exames necessários.
Com esse acompanhamento já iniciado antes da 12ª semana de gestação, caso haja o surgimento de um quadro de pré-eclâmpsia, que costuma se desenvolver após a 20ª semana, a gestante já estará adequadamente assistida e poderá ter um diagnóstico rápido, melhorando o prognóstico da doença.
Se identificar qualquer dos sintomas relacionados à pré-eclâmpsia, é necessário buscar auxílio do médico obstetra com urgência, pois se trata de um quadro grave e que pode ser fatal se não for corretamente assistido pelo especialista.
Quando há a confirmação do diagnóstico de pré-eclâmpsia, os principais cuidados recomendados para a gestante incluem:
- Repouso;
- Uso de medicações anti-hipertensivas;
- Controle de vitalidade fetal periodicamente;
- Dieta com pouca ingestão de sal;
- Fazer atividades físicas leves;
- Dormir adequadamente;
- Fazer controle do peso;
- Medir a pressão arterial com frequência, reportando qualquer alteração significativa.
O médico obstetra é imprescindível nesse processo para fazer o diagnóstico da pré-eclâmpsia, recomendar a mudança de hábito de acordo com a gravidade do caso e prescrever medicamentos seguros, caso seja necessário. Esse suporte é essencial para que ocorram maiores chances de recuperação da paciente, sem comprometer a saúde fetal.
Fontes:
Clínica Ginecológica BedMed;
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – Ministério da Saúde;
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).