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O que é acretismo placentário?

Em meados da quinta semana após a fecundação, algumas células da camada externa do embrião, chamada de trofoblasto, se infiltram na parede interna do útero, denominada endométrio, dando origem à placenta. Esse órgão fetal é responsável por diversas funções durante toda a gravidez, sendo de fundamental importância para a nutrição e oxigenação do bebê dentro do útero.

Ao longo do seguimento pré-natal é adequado realizar a avaliação da placenta por meio do exame ultrassonográfico. É comum no primeiro trimestre a placenta estar mais próxima ao segmento inferior do útero, mas conforme o progredir da gestação, a placenta tende a se implantar em regiões mais distantes do orifício interno do colo do útero. Vale lembrar que a partir de 28 semanas de gravidez, a placenta estará definitivamente fixada ao útero.

Durante este período de fixação da placenta no corpo uterino, a gestante está propensa a uma complicação bastante preocupante chamada de acretismo placentário, que pode levar ao parto prematuro ou até mesmo à remoção do útero durante o momento do pós-parto imediato. Por menos divulgada que seja, essa doença aumentou em cerca de dez vezes nesses últimos 50 anos e , atualmente, é responsável por acometer cerca de 1 a cada 2.500 gestantes.

O acretismo placentário

Essa alteração caracteriza-se pela infiltração do tecido placentário dentro da camada do útero. Tipicamente após o parto, é comum que ocorra o descolamento natural e espontâneo da placenta que estava previamente anexada ao corpo do útero, porém, nos quadros de acretismo placentário, parte da placenta permanece inserida dentro do útero, promovendo um risco aumentado de sangramento e choque hipovolêmico.

Quanto maior for a invasão da placenta no organismo da gestante, mais grave é considerado o acretismo placentário. Atualmente existem três diferentes classificações para o acretismo placentário, a depender da profundidade da invasão placentária:

Placenta acreta = quando a placenta apenas se adere ao miométrio, não promovendo invasão;

Placenta increta = quando a invasão placentária acomete a parede muscular (intermediária) do útero, denominada de miométrio;

Placenta percreta = quando a invasão placentária ultrapassa o miométrio e acomete a parede mais externa do útero, podendo invadir até mesmo órgãos vizinhos ao útero, como por exemplo, a bexiga ou o intestino.

O acretismo placentário geralmente não causa nenhum sintoma na gravidez, podendo apenas em alguns casos promover um sangramento vaginal no terceiro trimestre da gravidez. Comumente o seu diagnóstico é realizado por meio do exame ultrassonográfico. O ultrassonografista sempre deve estar atento a esse diagnóstico, principalmente quando a paciente apresentar placenta prévia.

Esse problema é mais comum em pacientes que já realizaram cirurgias pélvicas ou cesáreas anteriormente e entre mulheres que apresentam placenta prévia durante a gestação. O motivo exato para a formação do acretismo placentário ainda não foi definido, porém os estudos demonstram que existe alguma correlação com anormalidades do corpo do útero.

Existe algum fator de risco para essa alteração?

De acordo com a SOGESP (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), existem alguns fatores que podem aumentar os riscos do desenvolvimento do acretismo placentário, tais como:

  • Pré-existência de cicatrizes no corpo do útero;
  • Idade materna avançada: o acretismo placentário é mais comum em mulheres com idade maior do que 35 anos;
  • Mulheres submetidas a cirurgias uterinas;
  • Mulheres que já realizaram curetagem (raspagem do útero após aborto);
  • Posição da placenta: existe um risco aumentado de acretismo placentário quando a placenta recobre parcialmente ou totalmente o orifício interno do colo do útero ou quando ela está inserida na porção inferior do útero;
  • Anormalidades uterinas: portadoras de miomatose uterina têm um risco aumentado para acretismo placentário.

acretismo

A importância da participação do obstetra

Apesar do acretismo placentário não afetar o crescimento e o desenvolvimento do bebê de maneira direta, ele apresenta muitos riscos à futura mamãe, principalmente durante o período do parto.  Devido a isso, é essencial realizar o acompanhamento pré-natal, para que o problema seja diagnosticado antes do parto, por meio de ultrassonografia ou da ressonância nuclear magnética (quando a ultrassonografia não for esclarecedora).

Em casos de acretismo placentário, a placenta pode não ser extraída com facilidade, comprometendo a contração uterina e causando hemorragia acentuada. Dessa forma, existe um risco aumentado em ter que realizar a histerectomia (retirada do útero) no momento do pós-parto para controlar esse sangramento. Por isso, é muito importante a presença de um médico obstetra de confiança na hora do parto, com uma equipe devidamente apta e, de preferência, em um hospital que disponha de UTI materna e banco de sangue compatível disponível.

Tratamento

O principal tipo de tratamento para o acretismo placentário baseia-se no diagnóstico precoce e no planejamento operatório adequado. O parto deve ser programado para cerca de 36 semanas e uma equipe multidisciplinar deve estar envolvida (obstetra, anestesista, neonatologista, urologista, intensivista e radiologia intervencionista). Dependendo do grau de acretismo placentário, a histerectomia deve ser indicada para tratamento definito do problema.

Quando descoberto durante a gestação a recomendação é que a grávida não realize atividades físicas intensas, mas não há restrições quanto aos hábitos cotidianos, como dirigir ou trabalhar, por exemplo. A exceção são os casos onde ocorra sangramentos, sendo indicado o repouso absoluto e, dependendo da gravidade, internação.

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